terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Live longer.

Hoje, depois do trabalho, estava esperando o ônibus para voltar pra casa e perto de mim, duas crianças estavam com a mãe, também esperando.

Um deles tinha nas mãos, um pacote de bolacha Passatempo, sabe? aquela com bichinhos desenhados e recheio gostoso de chocolate? Pois então. O menininho, que deveria ter no máximo 7 anos, abria uma por uma das bolachas e comia só o recheio. Lambia as duas partes e depois as guardava de volta no pacote.

Quando acabaram as bolachas, ele gentilmente virou-se para o irmão e disse: Pode comer.
O outro menininho, que tinha uns 4 ou 5 anos, pegou o pacote e comeu as bolachas sem o recheio e nem se quer reclamou de tal falta. 

Achei muito lindo... Um gosta do recheio e o outro não. 

Na nossa vida é assim, vai ter sempre alguém que vai gostar do recheio e outro  que o despensa. 

A gente sempre vai encontrar quem goste de arroz com feijão ou só do arroz, só do feijão ou nenhum.

Tá aí o bacana da coisa, a excentricidade de ser gente. De usar moletom no calor, ou shortinho curto no frio.
Ter tatuagens e cabelo azul, dreadsloks ou cabelo militar. 
Querer fazer o que quiser... Isso sempre vai afetar alguém.
Vai ter sempre o que acha normal e o que acha um absurdo. 

É clichê, eu sei. Mas qual seria a graça, se todos fossemos certinhos, metódicos e cotidianos?

Eu sou diferente, é fato. Porque? Explico. 

Não vou na ideia das pessoas, minhas convicções e opiniões eu não mudo.
Eu gosto das musicas que eu quero e tô cagando pra quem se define num estilo musical só.
Eu danço funk, sertanejo, ouço blues e leio Kafka. Eu gosto de todos os gostos, eu quero provar tudo.
Gosto da chuva, da lama, de abraçar, de dar conselhos e de sinceridade.

As pessoas que se sabem decor, são as mais chatas. Sabem sempre quem são. Elas não tem momentos, épocas, nem nada que foi especial.
Tudo na vida delas é o mesmo, sempre.
É simples identificá-las. 

Elas sempre respondem as perguntas da mesma forma, usam sempre as mesmas roupas, o mesmo corte de cabelo e o mesmo medo de arriscar. São previsíveis, super fáceis de presentear e não surpreendem ninguém. São, basicamente, pessoas rasas. 

Eu quero ser infinito, correr até as pernas arderem, sentar no chão por 10 minutos e depois correr mais um montão... 
Olho pra lua e imagino como deve ser foda poder pisar lá. 
Eu provo novos sorvetes, um novo restaurante ou uma nova moda. 
Meus cabelos já foram curtos, tipo joãozinho, médios, loiros demais, pretos demais, mecha demais. Tive até cabelo pink. Fiz tatuagens quando achei que deveria fazer, a primeira aos 12 anos. 
Queria que meus pais e minha irmã soubessem, que os levava comigo pra onde quer que eu fosse.
Furei piercing no nariz por modinha e quando saquei que o lance era esse, inconformada por ter cedido ao que todos achavam que era bacana, tirei. Já usei calça larga, mostrando a calcinha, all star e tererê no cabelo. Patinei, pulei tábua, ralei o joelho, a barriga, a cara e um monte de outras partes. Levei picada de abelha, cai do cavalo, de moto, capotei de carro, quase bati numa vaca também. Já acelerei até onde o acelerador não ia mais. 

Quis ser feliz o tempo todo e o preço que custasse eu pagaria. 
Sem pensar, já dei cavalinho de pau com meus amigos pra adrenalina subir.
Já pulei de uma ponte e empinei de moto.

Cuidei do meu primo pra eternizar o nosso amor. 
Já trabalhei em mil coisas.
Limpei casa, fiz carnê de IPTU, saquinho de suco, fui atendente de call center, trabalhei numa faculdade, num posto de gasolina, depiladora e manicure. 

Gosto de tudo que envolve as mãos. Amo mãos bonitas. 
Faço elogio a pessoas que não conheço. 

Aliás, minha sinceridade é algo latente no meu caráter. Falo e falo MESMO!

Outro dia vi uma moça que iluminava o ambiente de tão bonita e disse.

- Parabéns viu, você é tão bonita que chega dá uma agunia na gente. HAHA!

Se vejo alguém chorando, pergunto se posso ajudar, sempre. 

Acho que faço ás pessoas, exatamente o que gostaria que fizessem á mim. 
Não sou um exemplo a ser seguido, longe disso. 
Mas o mundo é diferente, são milhões de pessoas EXATAMENTE e DELICIOSAMENTE diferente umas das outras. 

Aproveite as diferenças, prove, sinta, comemore...Repense, sei lá, faça o que quiser. HAHA!

Beijo gentemS. 

Amo vocês.


Gleise, sua linda. Saudadeeeee.
Pai, te amo.
Vs. Esse post é seu.


Ps: Pai e mãe, eu sei que pra vocês, algumas coisas nesses posts são revelações.

Capotei com o Betinho, Julio, Tamires e Paulista de Toyota, vindo lá da 48, depois de um forró.
Quase bati numa vaca de L200 com o Guilherme, Tinega e Mayara, indo pra Rolim de Moura. 
Empinei com o Delvane na cavalgada de Santana em 2004. 
Acelerei a CB500 do Richardson do Banco em 2004. 
E dei cavalinho de pau com o Lú, no Rolim Chopp, em 2005. 

Pensem pelo lado positivo, eu estou viva, isso é ótimo, já passou eu amo vocês. Tchau.

4 comentários:

Anônimo disse...

Paulinha,
Paula.

Peço desculpas pelo atraso nesse comentário. Aliás, peço desculpas pelo forma como lhe escreverei, pois não consigo me expressar com poesias. Isso eu deixo para você e minha irmã, que são pessoas adeptas e, em extinção, das belas palavras envolvidas em belos textos.

Como todo brasileiro, lhe darei uma desculpa, pois esse atraso tem razão. Estava viajando e só voltei ontem. Fiquei 32 dias sem internet e celular, o que aconselho a todos. Abandoná-los por uns dias é a melhor coisa a se fazer nesse mundo ciberneticamente (sim, essa palavra existe) globalizado.

Enfim, quero aproveitar o assunto para falar que também adorei aquela nossa conversa. Foi ótima. Fico enobrecido com suas palavras, apesar de não me achar merecedor de tantos elogios.

Sinto falta de pessoas como você, que não se encontra em qualquer lanchonete, as duas da manhã, esperando o tempo passar enquanto a entrada (asinhas de frango) esfria.

Seu carisma é excepcional e me identifico muito com você. Esse é o motivo de não me fazer de rogado ao beliscar sua porção, pois mesmo com o nosso pequeno convívio senti ao seu lado uma grande amizade.

Fico feliz em saber que está bem.

Beijos.

José Luis Horn.
Queijo...

(obs. resposta a sua publicação de novembro)

Ana Paula disse...

Me BELISCA!!!

Ahhh, até aqui você é arrebatador meu caro amigo.

Como pode carregar consigo tamanha gentileza e encanto??

Como seus pais foram capazes de fabricar duas jóias dessas?? Tão bem lapidadas. Fico feliz que tenha gostado, foi de coração e despretencioso.
São 01:02, eu estava indo dormir e algo me disse que eu tinha de voltar e dar um f5. E cá estava o seu comentário.

Tô feliz, feliz e feliz.
Sinto falta também, de pessoas radiantes como vocês 2.

Um beijo, cheio de carinho e muita gratidão por ter lido o meu blog.

Um beijo e um queijo, né?
rs.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mesaque' disse...

Como tantos outros...Mais um texto maravilhoso Paula! Já tá ficando chato falar,mas é incrivel o seu talento com as palavras e o encanto que estas exercem em quem as lê.
É admirável o rumo que as 'conversas'tomam. [Sim, é como se fosse um papo despretensioso no sofá de uma sala de espera]! E só faz com que as vistas procurem mais palavras com aquele receio de que o texto acabe logo! PARABÉNS!
Ah, e Feliz Ano Novo (D).
Beijo.