terça-feira, 30 de novembro de 2010

PequeNINO.


Na minha rua passa o ônibus, aliás, aqui chamamos de Circular.
Frente á minha casa, tem um ponto.
Só citei isso, pra poder explicar como meu cachorrinho Nino, chegou até nós.

Pois bem, eu acordava cedo todos os dias e descia pro ponto.
Lá, encontrava várias pessoas, as mesmas, todos os  dias. Mas uma mulher me chamou a atenção especialmente.


Ela trazia todo dia uma cachorrinha com ela, vinha caminhando do ladinho, bem obediente.
Era uma Pincher marrom, bem pequena. Por 4 ou 5 vezes vi e não perguntei nada, mesmo morrendo de vontade. 

Num belo dia reparei que ela estava acima do peso, com uma leve saliência abdominal.
Então, perguntei pra moça que ela seguia: - Ela tá grávida?

E a resposta foi horrorosa: - Ai menina, ta! Affê, tô morrendo de ódio, cachorra biscate.

 
Ahhh, a minha defensora dos animais entrou em ação.

- Quero um filhote, ou todos que nascerem, descolo casa pra todos eles".

Fui pro trabalho e no dia seguinte ela veio falar comigo.
- Ahhh, o meu marido não quer dar não, ele quer vender. (O mundo é dos espertos, num momento odiava o cachorro e seus filhotes, num outro queria ganhar grana em cima).
- E quanto ele quer em cada filhote?
- Trinta reais.
- Tudo bem, mesmo assim eu compro. Afinal não nasceriam mais que 5.
A cachorrinha era de fato, pequena.
E mesmo que nascessem 10, eu arranjaria dono para todos.


Passou um tempo, mudei de horário no trabalho e não encontrei mais a tiazinha.
Num outro belo dia, cheguei em casa e minha mãe disse: - Tem um presente pra você lá no meu quarto.

 
Eu não dei muita importância, tava cansada e deitei no sofá: - Depois eu provo. Achei que fosse roupa ou sapato, sei lá.

Ela insistiu: - Vai logo menina, você vai gostar.

Quando cheguei ao quarto, gritei: - Cadê mãe, não tem nada na cama.

 - Olha no canto, ela disse, - Deve tá escondido. auhauahuahuhauaha

Foi nessa frase que eu já descobri que, ou era um cachorro ou um gato.
Ele estava debaixo de uma toalha que tinha caído, dormindo, todo encolhidinho.


Foi amor à primeira vista, ele era tão pequeno e pretinho.Super frágil.
Olhei pra ele e tinha cara de Nino, porque era pequenino. Chorava como bebezinho de cachorro.
Eu o coloquei próximo ao peito e deitei no sofá. Ele ficou quietinho e dormimos.


Daquele dia em diante, estabelecemos uma parceria sem igual. 


A minha mãe ainda me avisou que a tal moça viria buscar os 30 reais prometidos no outro dia.

E assim ela fez. Perguntei: - Quantos nasceram? - Só um, ela disse.
E eu pensei, Deus é tão máximo que, vendo a ruindade dela,  não deixou que nascessem mais. Só o meu Nino.
Paguei e ela ainda disse a seguinte frase: - Esse cachorro é o capeta, comeu 2 chinelos meus. (bem feito, bem feito) HAHA! 66’


Bom, horrores a parte, eu tinha um motivo bem agradável pra ficar em casa mais tempo.
Fazíamos vídeos dele correndo pela casa, tirávamos foto o tempo todo.
Ele era muito sapeca e esperto. Desconfiávamos desde o inicio que a raça dele não era das mais apuradas e que cresceria um pouco. Mas, como sempre, cresceu além do normal. E de Pincher só tem a cor. É totalmente paraguaio. Ahuahauhauaauhauhauahuahua


Ficamos 9 meses longe e a minha mãe conta que ele me esperava todos os dias na porta. E que, no inicio me procurava e dormia na minha cama, mesmo vazia. Depois se acostumou com a minha ausência. Eu ligava e perguntava primeiro dele, depois da minha irmã e família. Minha mãe fica brava e sempre diz que eu gosto mais de bicho que de gente.

Faz sentido, é um amor totalmente incondicional e sem moeda de troca.

Quando voltei, antes de abraçar minha mãe perguntei: - Mãe, cadê o Nino?
Ela disse para o taxista: - Ta vendo? é isso que uma mãe ganha.Eu  amo minha mãe e ela sabe disso. Mas ele, como não entende em palavras, precisava saber que eu tinha sentido muitooo a falta dele.

Procurei, procurei e nada. Ele andou meio fanfarrão nesse meio tempo, extremamente rebelde e passava noites fora, biscateando e roubando corações.

Entrei, desfiz as malas, tomei banho, deitei no sofá e apaguei. Lá pelas 3 da tarde eu o sinto pulando em cima de mim. Me lambeu, mordeu, pulava, gritava, latia. Ficou tão feliz, que eu chorei.

Porque mesmo abandonando ele por 9 meses, ele não levou em consideração. Simplesmente pagou com lambidas, um amor lindo, recíproco e sem mentiras.

Ele só queria ficar perto de mim. Deitou do meu lado e respirava fundo, como quem dissesse: Que bom que você voltou. E eu pensava o mesmo, que bom que voltei.
Repetia pra ele: A mãe nunca mais vai te abandonar filho, nunca mais, nunca mais.

O Nino é muito companheiro, extremamente feliz e sociável.
A não ser com o carteiro, é uma relação meio conturbada.

Coloquei grades no portão maior, para que ele não saia e seja atropelado como aconteceu com a Dóris e a Isadora. Mas de nada adiantou, ele pula o muro. UHAUAHUAHUAHUAHAUHA
Depois chora para entrar, a gente desce as escadas e abre o  portão. Ele passa direto, rebolando. Acho lindo. Ele tem lances teatrais sensacionais.

Nesse do portão, por exemplo, quando não tem ninguém em casa, ele entra numa boa, da os pulos dele e consegue abrir. Mas quando vê alguma movimentação de alguém em casa, ele chora, chora, chora, até que alguém perde a paciência ou se compadece do olharzinho dele e abre.

Rola um teatro na hora do almoço, janta ou qualquer outra refeição.

Ele gosta do sofá, mas quando a avó dele (my mommy) está em casa, necas de sofá. Ela só olha e ele sabe que tem que descer. Mas mesmo ela estando por perto, quando eu chamo ou dou 2 batidinhas na perna, ele pula pro meu colo.

Nino come tudo, absolutamente tudo, é uma verdadeira DRAGA. Tem um intestino maravilhoso, que por sinal, desde pequeno, só usa lá na grama do quintal.
Se alguém se atrasa para abrir a porta, ele começa a chorar porque está apertado querendo fazer pipi ou totô. 


Outra coisa que me chama a atenção são os sentimentos do Nino. Ele é totalmente sensível. Sabe quando eu tô triste e fica bem mais próximo quando eu choro. Normalmente no meu colo.

Ele é um belo cão de guarda, quem conhece Pincher sabe, e os paraguaios são piores, mais escandalosos ainda. Qualquer movimentação suspeita é uma gritaria sem fim.

Às vezes o vejo uivando, acho lindo, é como a Dama e o Vagabundo. Deve ser um grito de amor.
Eu sou completamente boba de amores por ele. 

Sempre me pego imitando a voz dele como se respondesse as minhas perguntas.

Eu digo: - Quer leite filho?
E ele (eu) responde: Não mãezinha, quelo ração.

UHAUHAUHAUHAUAHAHUAHAUHAUH

É bem besta assim, mas já ouvi relatos parecidos. Aqui em casa todo mundo é acostumado.
Nino, a mamãe te ama.

Seguem vídeos e fotos desse amor...

Boa noite meus amores, eu os amo.


Siga seu coração, sempre.