sábado, 24 de maio de 2008

Adeus..

Hoje o medo de perder as pessoas que amo me tolheu o coração.
Logo pela manhã, fria e ensolarada levantei-me com dor nas costas, havia dormi mau.
Sentei para colocar as sandálias e chorei, senti ali, naquele instante que estava sujeita a morte, e levei um susto. Chorei a morte de uma pessoa que eu nunca vi na vida, aliás, uma não! Duas.
A mãe do Fernando, e o primo da Muriel.
A vida deles está paralisada por tempo indeterminado, e isso de alguma maneira me afetou.
Temo pois, vivo em uma corda bamba. Meu pai mora longe e sinto medo de perdê-lo sem estar perto para ao menos abraçá-lo. Ao mesmo tempo se eu ficar perto dele, fico longe da minha mãe, que é digna de todo amor e cumplicidade também. Peço a Deus que os deixe ficar por mais uns 100 anos.
Falo deles pois é frágil ao meu coração, é pedra em teto de vidro, é ataque certeiro ao meu bom humor, e meu respeito ao próximo. Claro que tantos outros existem e os amo do mesmo modo, mas pai e mãe é sagrado. O meu é meu porto seguro, e sem ele seria difícil seguir, a Cáu que apesar das brigas eu amo muito. A minha família toda, os amigos, e os meu bichinhos. A cada partida um pedaço de mim é levado, e se me perguntar um por um dos que se foram eu lembro. Desses a saudade é enorme, da Babi, a minha neguinha nem se fala.
Todo e qualquer amor pra mim é bem vindo e reciproco, e claro, quando se vai a dor é certa e inevitável.

Um beijo á todos.

Eu amo muito vocês, Mãe, Pai, , Cáu, Família Albino, Família Silva, amigos de Rondônia, amigos de Maringá, amigos internautas e meus bichanos.
Pra sempre.


Muack.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Minha vida. Parte 2.

Com nove anos mais ou menos meu pai trabalhava no Banco Beron, e que hoje não existe mais.
Esse banco tinha um Clube, o ASBERON, era lá que nos divertíamos, ficava no setor 13*, pertinho de casa.
No ASBERON eu jogava volei na escolinha da Walnea. Lá também tinha uma piscina maraaaaaaa e um campo de futebol enorme. Eu chegava por volta das 10, e só saia as 18:00 mais ou menos. Naquele tempo quem cuidava da lanchonete do clube era a Lena, mãe do Luiz Henrique meu primeiro amor. Ele era gordinho como eu, lorinho dos olhos azuis. Lembro que sentei no balanço no parquinho do lado dele, e ele disse "qual o seu nome?" e eu respondi "Paula, quer dizer, Ana, não! é Ana Paula"
De lá até 5 anos depois fomos inseparáveis, eu almoçava e jantava, ia pra escola, andava de bike, brincava, nadava, e tudo na companhia dele. Mas nunca, nem sequer o beijei, tínhamos uma cumplicidade de irmãos. Nos meus 11 para 12 anos, um funcionário do Banco foi transferido de Alta Floresta para a minha cidade, se chamava Isaias, mas logo recebeu o apelido de Tirica. A semelhança é fato, aushausha. Levou com ele as filhas Nandara e Jamila e a esposa Dirce, que pouco tempo depois viera a ser tornar minha "Tia Dirce, a segunda mãe". Quando eu conheci a Jamila,filha mais velha, 1 ano mais nova que eu, ela estava andando de patins no meio do campo de futebol, magriiiiiinhaaa, com cabelo bemmmm comprido ao contrário do meu, e logo ficamos melhores amigas. Era esse nosso dia-a-dia: escola- clube - casa. E eu amava. Pouco tempo depois o banco faliu, o clube passou por maus bocados, e os funcionários idem. O Luiz Henrique foi embora para a capital com a familia, e nós passamos a frequentar só as aulas de Educação Física da professora Vanda. Virou febre o tal do JOER - Jogos Escolares de Rondônia. Eu, Jamila, Aline, Keila, Sandra e Milene fazíamos parte do time de volei na 8ª série. A quadra era toda rachada, sem cobertura, o sol queimava nas costas, mas mesmo assim treinávamos 3 vezes por semana, e ainda fazíamos uns joguinhos nos findis. A Vanda era bemmm exigente, e fazia uma pré-seleção estilo Bernardinho. Então dávamos o melhor, e tínhamos que passar por uma seletiva entre os 3 melhores times da cidade. Alexandre de Gusmão, meu colégio, Aurélio Buarque o colégio da 14, e Rocha Pombo, colégio da 15. Com esse time passamos para a seletiva em Rolim de Moura o Pré-JOER, cidade vizinha, pouco mais de 60km. Era uma festa ficar alojadas no colégio Tancredo Neves, 6 dias de muitas descobertas. Alunos de outras cidades, sintonia total, alegria, paqueras e muitooo esporte. Uniformes alinhados, abertura-jogos- semi-finais- final e pronto! Vencemos, fomos para o JOER em Porto Velho, capital. Se era bom em Rolim, imagina na capital? longe dos pais 600 km? com grana e amigos? Era Tudo! Mas infelizmente perdemos para o pessoal do Candido Portinari. A experiencia valeu por toda a vida. Eu ainda tinha idade para seguir, mas em Setembro de 2001, mais precisamente dia 9, dia do meu aniversário, eu passei por uma cirurgia no Apêndice, e fiquei durante 20 dias de molho em casa, emagreci bastante, e função de ter sido bemm complicado o procedimento eu fui substituída no time. Como no meu colégio só tinha até o ensino fundamental, quando passávamos para o 1º ano tínhamos que nos mudar para o Aurélio, que era um pouco longe. Professores novos, amigos novos e nova rotina. Acordar cedo e ir para o ponto esperar o ônibus passar. Isso sim era divertido, o trajeto de sei lá, 10 minutos de subida do morro. Era tanta palhaçada junta, caras amassadas, cabelos despenteados, aqueleee zelo. O primeiro ano lá foi punk pra mim, e por isso bombei em física do professor Léo, ele era um amor, mas eu detestava física. É aí que vem a melhor parte, eu estuva com uma galerinha extremamente desanimada, tipo velhos, chatos e nerds. E por ter reprovado, peguei todos os meus amigos mais novos, Rodrigo, Zoninha, Aline, Paula, Bruna, Jeniffer, Faustino, e o meu segundo amor, André Maestá. Aaaaa o André era o charme em pessoa, inteligente e tímido. Na nossa sala tinha 50 alunos para um quadrado minúsculo, tivemos que dividir por sorteio, e a cada novo nome para a minha turma era uma comemoração. Ficamos, eu, negão, Jeni, Bruna, Tinega, Michelle, e André, Na outra sala: Paula, Zona, Aline e Jamila. Para mim melhor professor de todos, talvez por ser mais brincalhão e não ter numeros envolvidos foi o Raimundão, professor de História, nordestino, sotaque legal. A inteligencia e a facilidade ao falar a nossa lingua (jovem) era tanta, que eu sinto saudade até hoje do professor Raimundo. Sem falar no Antônio que era lindão, professor de Geografia, também nordestino, assim como Edvânia - Inglês, Brito -Ed.física, Assis -Química, Edson -Biologia, e Alexandre - Português. Esse ultimo era o sossego em pessoa, chamava as meninas de "belezinha do céu" e os meninos "macho véio", e eu rachava de rir.

continua...

Beijos.

*É assim que são divididos os "bairros, por setores, 13,14.."
** Se esqueci de alguém me perdoe, corrija e eu colocarei no próximo post.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Minha vida. Parte 1.

Hoje vi duas menininhas saindo da escola, uma delas parou, agachou e amarrou o cadarço do tênis da outra.
Achei aquilo tão parecido com o que eu fui um dia com as minhas amigas.
Eu tinha essa cumplicidade, essa "sem vergonhisse" de demonstrar carinho e atenção, fosse na rua, ou em qualquer outro lugar.
E vendo elas tão pequenas e já sabendo o que é ser amiga, e ter amigos, eu resolvi escrever um pouco da minha vida, vou dividir em 5 partes, começando por hoje.

Eu nasci em Nova Brasilândia do Oeste, (tá no meu registro) interior do estado de Rondônia, a partir do tempo que eu lembro não havia pavimentação asfáltica, nem energia, muito menos água encanada para todos. Meu pai junto com meu tio e mais um vizinho, compraram um motor que supria a necessidade de energia quando faltava. Na compra do mês sempre levávamos um pacotinho de velas, para o caso de faltar energia e meu pai não estar em casa para ligar o motor. Era bem difícil.
Desde sempre criamos bichos de estimação, nessa época, mais ou menos uns 3 anos de idade, eu tinha gato, cachorro, e um veado. Isso mesmo, não sem bem ao certo a origem dele, mas sei que aqui em casa tem muita foto, uma inclusive da minha mãe o beijando na boca. Nós morávamos na rua dos Pioneiros, onde hoje mora minha tia. Até uns anos atrás tinha uma marca de masinha de modelar que eu tinha deixado na parede, fiz uma carinha, eu gostava de lá. Minha mãe sempre fez festa de aniversário, sempre mesmo. Nunca deixou passar em branco, e sempre com muiitaaa fartura, todo mundo comentava, "a Tereza é uma cozinheira de mão cheia". As fotos que temos de lembrança provam isso. Eu tenho guardado um sapatinho que usei com 1 ano, e meu vestidinho branco, também que usei com 1 aninho. Quando eu tinha 4 nasceu minha irmã, a Ana Claudia, com uma manchinha no rosto, parecia um moranguinho, ela levou essa marquinha até os 10 ou 11 anos, eu gostava, era um charme. Tem uma foto aqui, do aniversário dela, de 5 anos eu acho, que o tema foi Pequena Sereia, aiii como eu tenho saudade desse desenho. Tenho vários amigos que aparecem nas fotos, e vê-los hoje crescidos é estranho. Tem uma que eu a Cáu, e a Mayara estamos brincando com as tartarugas que nós tínhamos. Meu pai nos colocou em cima delas. Era legal, nessa época aí, nós já morávamos numa casa bemmm maior, e com uma data vazia do lado, e outra no fundo, do mesmo dono. Na data vazia do fundo ele criava uma anta, é minha gente, uma anta, eu contando ninguém acredita, mas isso tudo é fato. Aiai..oaksaokso.
Esse animalzinho eu já não gostava tanto, meu pai tinha medo que chegássemos perto. Nessa época tínhamos a princesa, e os filhotes dela, eu levava eles para andar de bicicleta dentro da cestinha. Na rua da minha casa tinha o Buracão, um buraco como o nome já diz, cheio de palha de café, e pulávamos lá, o dia todo, chegávamos em casa que só dava pra ver os olhos.
Uma vez saimos todos picados por formigas e abelhas. Foi um chororô. Brincávamos muitooo de bet´s, pé-na-lata e rouba bandeira.
Eu frequentava a escola, lembro da minha professora a Dalva, ela em ensinou a ler, e ela mora lá até hoje.
Todo ano tinha aquela foto com a bandeira, e eu sou canhota, mas o fotografo sempre punha a caneta na mão direita. Rum!
Até aqui está bom por hoje, contei do meu nascimento aos 9 anos.
No próximo eu continuo.

Beijo.
; Papai leu, e disse que o nome do veado era Nino. Obrigada gordo.




segunda-feira, 12 de maio de 2008

Not to prejudice.



No meu ambiente de trabalho é comum ouvir comentários um tanto quanto desagradáveis a respeito de temas preconceituosos. Devo confessar que isso me incomoda, e muito.

Tem aquela né: O cliente sempre tem razão.
O trabalho é informal, e bastante descontraído, converso muito com minhas clientes, e na maioria das vezes elas contam sobre sua rotina em casa, no trabalho e com os relacionamentos.
É quase um confessionário, e tem as revistas de fofocas, de praxe. É aí que mora o perigo, existem aquelas que só comentam coisas do tipo " A fulana pôs botox, engordou, emagreceu".
Mas alguma pegam mais pesado, "nossa, ela casou com esse cara? negro?" "gente, eu não sabia que ele era gay, credo".
Tá, e daí ? porque o credo ?
Eu explico.
Elas ligam muito rápido, homossexualismo com sexo, pornografia e logo, com prostituição.
Eu particularmente separo da seguinte maneira: Amor, curiosidade e prazer.
Li outro dia um folheto de uma igreja que dizia assim: "Homossexualismo: doença"
É, eu leio a Biblía, e sei o que Deus disse á respeito disso, homem é pra mulher, como água é para apagar o fogo. Mas e o amor ao próximo sabe? Não contrariando de forma alguma os dizeres bíblicos. Mas como condenar o amor sincero? Porque não deixar que eles vivam como é de direito, eles são normais: mãos, braços e coração.
Claro, tem o clã dos pervertidos, que querem só sexo, e acaba por generalizar.
Aqueles sabe? que dizem eu sou macho, mas já ficou com outros homens, e não beija na boca, só quer o sexo e por consequência, o prazer.
E os curiosos, no colegial as meninas que querem provar o beijo de outra menina, ou uma simples brincadeira, rola um beijinho, e aí já vira um bafafá. "Tá sabendo? a Maria beijou a Joana, eca, que puta, nem vou mais chamar ela pro meu aniversário, credo"
E tem o amor, a cumplicidade entre casais gays é 50% maior do que casais hetero, isso foi comprovado. E na minha concepção, a razão para tanto, é justamente o preconceito, que faz com que muitos sofram por anos, para não magoar a família, os amigos e os fazer " passar vergonha". "Já pensou meu pai? Meu Deus minha mãe terá um troço, e meu irmão então? nem vai mais olhar na minha cara"
Mas alguém já parou pra pensar que a essência não muda? Que o que a gente é, vai ser sempre assim? Em vários países do mundo é natural que os homens se cumprimentem com beijos, até na boca. E nem por isso são taxados de gays. E se fossem ? O que tem demais nisso ?
Só fico triste pelo mundo em que vivemos, se você é baixo, gordo, alto, magro, narigudo, orelhudo, gay, careca, negro, lixeiro, garí. Tudo vira motivo de chacota e risada.
Nem o mundo, nem o ser humano perfeito existe, e não sonho nenhum pouco com isso, pois sei que é impossível. Mas já pensou como seria?

Not to prejudice: Não ao preconceito.
É justa toda e qualquer forma de amor.
É justo um negro presidente.
É justo ser gente.

Um beijo.

Até.

;*

terça-feira, 6 de maio de 2008

Raízes.


A mãe foi morar numa clínica depois do AVC que lhe tolheu parte dos movimentos e raciocínio. A clínica oferece mais conforto do que a filha poderia oferecer. A filha a visita com frequência. Menos do que gostaria. Mais do que pode.

A filha chegou e encontrou a mãe sentada no jardim, esperando. Já sabia que ela viria: seu óculos haviam quebrado, e só hoje a filha pôde passar para resolver o problema. A filha trabalhava muito.
Quando estacionou o carro e viu a mãe sentada no jardim, teve vontade de chorar. Em uma semana, a mãe envelhecera mais dez anos. O tempo agora é assim – minutos são horas. Dias são anos. Esta semana na clínica não lhe pintaram os cabelos, não lhe colocaram a melhor roupa. (Disseram depois que ela não quis).

A mãe deu um sorriso trêmulo ao ver a filha. O sorriso dela agora é assim.
Era um sábado. A filha tinha programado ver a mãe, consertar o óculos, dar um passeio rápido, e voltar para trabalhar. Mudou de idéia. Pediu à enfermeira que providenciasse os remédios nos vidrinhos (com os devidos horários), fez uma pequena mala e levou a mãe. Consertou os óculos, e no supermercado comprou camarão e tinta para cabelo. Enquanto fritava o camarão, pintava os cabelos da mãe. O resto da tinta que sobrou passou em suas raízes, que também começaram a ficar brancas. Meia hora depois, camarão já comido e elogiado, “quanto tempo não como um camarão!”, hora de lavar o cabelo.

A mãe tem medo de cair no banheiro, já aconteceu antes. A filha não pode esperar muito, ou o tempo de ação da tinta em seu próprio cabelo ficará complicado. Resolve tomar banho junto.

O corpo adulto da filha e da mãe.

As duas no início têm vergonha. A água do chuveiro é muito quente, a filha deve tirar rapidamente a tinta – além de tudo tem medo de alguma irritação, a cabeça da mãe tem verrugas e feridas, “natural da idade”.

“Ah, minha filha, quando eu tinha este corpinho...”, diz a mãe, ao ver a filha, que até o momento se sentia gorda. A mãe não quer mais sair da água quente. (Na clínica dizem que ela odeia tomar banho).

Depois do banho, o secador. A filha seca os cabelos da mãe, faz massagem, para organizar os fios. A tintura ficou boa. A mãe quase dorme. A filha pergunta se ela está com sono. “Não, minha filha, é que você está fazendo carinho na minha cabeça”.

A filha resolve cortar os cabelos da mãe, que está achando feios. Pega uma tesoura meio cega e faz um corte meio francês. A mãe adora. A filha prepara a cama para que ela se deite e durma. Ela não quer deitar, ela não quer estragar os cabelos: quer voltar para a clínica e mostrar às outras o salão da casa da filha. (by 'basicamenteisso')

"...eu quero uma mulher de coloridos modos, que morda os lábios sempre, que for me abraçar..."


Fábio, o poeta, o Júnior saca?

;*

Até Breve.