sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A tragédia em Santa Catarina. Leia com Carinho.

André perdeu seis parentes, João Galdino agradece a Deus por ter sobrevivido e o bombeiro Luiz perdeu a casa, mas não as forças para ajudar quem mais precisa.


Em Blumenau, num determinado momento da tarde desta quinta, o sol começou a brilhar de repente e eu cheguei a perguntar aos colegas da equipe: “Ué? Cadê a chuva?”. E um deles disse rápido: “Daqui a dez minutos”.

E é mais ou menos assim, mesmo, o tempo não se firma. Chove, pára, chove de novo o tempo todo. É nessas condições que os bombeiros e os voluntários têm que trabalhar em Blumenau. A repórter Kíria Meurer acompanhou o trabalho dessa gente e também ouviu o relato dramático dos sobreviventes.

O auxiliar de serviços gerais André de Oliveira conta uma história que dá a dimensão do drama em Santa Catarina. “No momento em que eu vi aquela tragédia, eu não acreditei. Subi em cima da primeira avalanche que deu, que derrubou tudo, eu escutei o chorinho da minha menina e fui tentar salvá-la, mas não consegui”.

Vieram mais dois desmoronamentos, seis pessoas da família dele foram soterradas. “Eu queria que Deus me desse pelo menos a oportunidade de salvar um para ficar de consolo. A minha esposa estava grávida, já tinha planos para o filhinho que ia vir, se fosse menina já tinha até nome, se fosse menino já tinha até nome. Eles encontraram a minha mulher segurando a minha menina”, completou André. VIDEO AQUI

Num quartel em Blumenau foi montado um hospital de campanha para dar os primeiros socorros às vítimas da enchente. Trabalham quase sem parar 150 homens do Corpo de Bombeiros, dormindo em média duas, três horas por dia.

Exaustos, alguns só conseguem tirar um pequeno cochilo. Luiz Ferreira é um desses bombeiros e é também uma vítima desta tragédia. Perdeu a casa com a enxurrada e está alojado na corporação com a mulher. Mesmo assim, não parou de trabalhar.

“Já vi muita desgraça, muita morte e eu, graças a Deus, estou vivo. Muita gente perdeu a casa, não tem mais nada. Então, não adianta ficar num canto se lamentado, o ideal é trabalhar para esquecer e ajudar quem realmente precisa”.

A mulher dele, a empresária Janete Echeli, faz comida para os bombeiros. Ser voluntária nesta hora ajuda a esquecer um pouco a imagem da casa deles e a história de uma vida que ficaram no chão. “Chega em casa e cadê tudo? Dói muito”.

Num abrigo, as crianças choram de alívio. Reencontraram a mãe que estava internada num hospital há dois dias. A família inteira viveu momentos de pânico. Estavam juntos em casa quando tudo desabou. “Estamos muito felizes. A gente achava que não ia sobreviver, mas graças a Deus sobrevivemos”, disse o desabrigado João Galdino da Silva.

REPORTAGEM COMPLETA NA GLOBO.COM, OU CLICANDO AQUI.

Eles são nossos vizinhos, moro aqui no Paraná, e a vontade de correr pra lá, abraçá-los e dizer que está tudo bem, que tudo vai passar e que nós vamos ajudá-los é grande.
Mas infelizmente é menor que as condições que eu disponho nessa hora.
Queria ter muita grana, o suficiente pra dar de comer a todos, fazer uma imensa fogueira e aquecê-los.
O prejuízo financeiro já é grande, mas imagina aquela casinha que você batalhou pra construir, indo embora na enxurrada, e com a sua família dentro?
Imagina aquela cidade que era cartão postal, e que agora no final do ano, ia ficar lotada de turistas, em baixo dágua? Suja, feia e com um povo morto, morto de cansaço, morto por dentro, morto de fome, e morto de vontade de morrer. Pois é isso que eles repetem incansavelmente.
"Deus tenha piedade de mim, me leve junto deles"

Imaginem esse moço da reportagem? ele perdeu 6 pessoas da família.
Ele simplesmente não pode deitar e descansar, não até arranjar algo para comer, água boa para beber, e um lugar seco e seguro para dormir.
Ele não pode chorar a morte dos seus, porque ele tem que ser forte para manter-se vivo.
Precisa começar tudo de novo, e sem 6 partes dele mesmo.
Começar tudo, faltando pedaços, faltando o ar, faltando o amor que nesse momento é crucial.
Aquela mão estendida, aquele olhar de "calma, eu tô aqui", aquele abraço ao final de uma dia de buscas, de um dia de limpeza, e de ajudar os vizinhos.
O amor nesse momento é o que eu, você, todos nós precisamos ter, e não pensar "eles que jogaram lixo e provocaram essa enchente"
Temos que ajudar gente, o Coronel Álvaro Maus deu uma entrevista ao Willian Bonner hoje, dizendo que falta alimentos prontos. Aqueles enlatados, industrializados, que não precisam de qualquer forma de preparo, ou seja, forno, fogão, microondas. Uma vez que eles não dispõe de água, energia, nem gás. Quais alimentos? Barras de cereais, latas de leite, frutas, leite, bolachas, biscoitos, pães.
Precisam tb de produtos básicos de Higiene, tais como: pasta de dente, sabonete, shampoo, absorventes.
Precisam mais ainda de roupas e sapatos gente. De preferência quentinhos, moletons, blusas de mangas compridas, etc.
Em quase todo o Brasil, foram montados postos estratégicos de coleta desses materiais.
Você pode doar tudo, até galões de 20 litros dágua, (pode ser vazio).
Existe uma força tarefa do exército cuidando da embalagem e envio dessas doações.
É muito importante ajudar agora. Sabe aquela blusa que não serve mais no seu filho? aquela que perdeu um botãozinho? encha de carinho, coloque num saquinho e doe. Vamos lá? Que tal?
Daqui 22 dias, é Natal, e daqui a 22 dias eles estarão reconstruindo uma vida.

Espero que colaborem.
Um beijo.


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2 comentários:

Anônimo disse...

muito estranho vermos tantas mortes tao rapido...nem parece o brasil que conhecemos.

desculpe nao falar mais, mas vivendo no horario que vivo mal da pra ler jornal

Lucas Oliveira disse...

É realmente emocionante essa história, Aninha.

Nesse domingo, ou seja, ontem, teve na minha cidade, arrecadação de roupas e alimentos para serem enviados à Santa Catarina.

Foi aí que pensei o quanto de caridosos ainda existem no país.

Na minha cidade mesmo, encheu caminhões de doações, levando em conta que aqui é uma cidade de 7 mil habitantes (aprox).

Revistas e mais revistas publicam artigos sinceramente tristes.
A Veja foi uma delas...

ótimas matérias...

abçs, Aninha

e tenha uma ótima semana!

bjs,

amo-te!